O mais recente inventário do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) afirma que 12,8 milhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) foram lançadas na atmosfera em 2022, isto é, derivada das atividades de mineração brasileira.

Segundo o estudo, esse total representa apenas 0,55% das emissões de gases de efeito estufa do país, quando consideramos que 2,3 bilhões de toneladas foram lançadas em 2022, de acordo com o levantamento do Sistema de Estimativas e Remoções de Gases do Efeito Estufa, do Observatório do Clima.

Dessa forma, o inventário aponta que 85% das emissões são de CO2, gás considerado de menor potencial de aquecimento e que permanece por mais tempo na superfície, em torno de mil anos, segundo a Organização das Nações Unidas.

Além deste, temos 10% de emissões relacionadas ao gás metano, gás com potencial de aquecimento 28 vezes maior que o CO2 e que pode permanecer na atmosfera durante uma década. Já os outros 5% são de óxido nitroso, que tem um potencial de aquecimento 265 vezes maior que o CO2 e que pode permanecer na atmosfera por até 120 anos.

Panorama geral

Do montante de 12,8 milhões de toneladas de tCO2e, cerca de 11,3 milhões de toneladas foram produzidas pelas operações das próprias mineradoras, enquanto os 1,5 milhões de toneladas restantes foram advindas da sua geração de energia elétrica.

Das emissões, 59% vieram de gastos com a queima de combustível para o transporte, 14% do desmatamento para retirada do minério do solo e 9% do uso de combustível para equipamentos estacionários. Isto é, sem contar outras fontes emissoras não intencionais (3%) e de processos industriais (2%).

Das atividades com maior emissões por tonelada de minério produzido temos as rochas ornamentais, a prata, o chumbo e o vanádio. Com isso, o inventário sugeriu algumas adaptações necessárias para que ocorresse uma redução significativa das emissões.

Como a adoção do hidrogênio verde em caminhões e equipamentos de mineração, a substituição dos combustíveis fósseis e a eletrificação de equipamentos e frotas. Dessa forma, as empresas conseguiriam provocar impactos positivos sobre seu processo produtivo, apesar de serem medidas que apresentam certa dificuldade em relação a sua implementação.

Minerais críticos

Apesar de todos os pesares, o setor ainda pode ajudar na transição energética e na descarbonização não apenas do Brasil, mas do exterior, por meio da extração de minerais críticos estratégicos que podem ser usados em imãs, turbinas eólicas, painéis solares e em motores de veículos elétricos. 

Porém, ainda que o Brasil não seja um grande produtor de tais minerais, o mesmo possui reservas de onde pode extrair as terras raras e outros minerais, afinal somos o maior produtor mundial de bauxita, possuímos reservas de grafite, estranho, níquel e lítio, utilizados em baterias e em materiais como o grafeno.

Contudo, para isso seria necessário buscar parcerias internacionais, promover levantamentos geológicos, investir na inovação e infraestrutura para processamento dos minerais. Assim, além do crescimento socioeconômico, ainda seríamos considerados promotores globais da transição.

Felipe Mello

Colunista

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.