O trabalho infantil é uma grave violação dos direitos humanos das crianças e dos adolescentes, que compromete o seu desenvolvimento físico, psicológico, social e educacional. Apesar dos avanços na legislação e nas políticas públicas de proteção à infância e à juventude, o Brasil ainda enfrenta o desafio de erradicar essa prática que afeta milhões de meninos e meninas em todo o território nacional.

Uma das formas de combater o trabalho infantil é promover a responsabilidade social das empresas, por meio da adoção de critérios ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) em suas atividades. Esses critérios visam garantir que as empresas atuem de forma ética, transparente e sustentável, respeitando os direitos humanos, a diversidade, a equidade e a inclusão.

Dados do Espírito Santo e do Brasil

Nesse sentido, as empresas devem se comprometer a não empregar ou contratar crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, bem como a fiscalizar e denunciar eventuais casos que ocorram em sua cadeia produtiva ou em sua comunidade. Além disso, as empresas podem contribuir para a prevenção e a erradicação do trabalho infantil, por meio de ações de educação, saúde, cultura, lazer e assistência social voltadas para as famílias em situação de vulnerabilidade.

Os dados mais recentes sobre o trabalho infantil no Brasil são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao quarto trimestre de 2021. Segundo essa pesquisa, havia 1,3 milhão de adolescentes de 14 a 17 anos ocupados no mercado de trabalho, dos quais 86% estavam em situação de trabalho infantil, ou seja, exercendo atividades proibidas para a sua idade ou sem a devida formalização. Isso representa um aumento de 6% em relação ao mesmo período de 2020.

O Espírito Santo registrou em 2020, cerca de 22 mil crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil, o que representa 3,4% da população nessa faixa etária. A maior parte desses casos ocorre na área rural (58%), em atividades agropecuárias (47%) ou no comércio (19%). As principais causas do trabalho infantil no estado são a pobreza, a baixa escolaridade, a falta de oportunidades e a cultura familiar.

Como resultado dessas ações, o estado tem registrado uma redução significativa do trabalho infantil nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Economia, entre janeiro e junho de 2023, foram resgatados 39 adolescentes em situação de trabalho infantil no estado, o que representa uma queda de 65% em relação ao mesmo período do ano anterior. Além disso, o estado tem ampliado o número de escolas de tempo integral, que atendem mais de 30 mil estudantes em 80 unidades escolares.

Apesar dos avanços, ainda há muitos desafios a serem superados para erradicar definitivamente o trabalho infantil no Espírito Santo. É preciso intensificar as ações de prevenção, monitoramento e fiscalização, bem como garantir o acesso à educação de qualidade, à saúde, à cultura, ao lazer e à cidadania para todas as crianças e adolescentes do estado.

Criança não trabalha, criança dá trabalho!

É preciso não romantizar o trabalho infantil. É legal e motivo de orgulho ouvir nossos pais e avós contarem que começaram a trabalhar cedo, ainda criança ou adolescente mas não podemos encarar isso como um espelho de conduta. Cada um sabe a sua história e o porque precisou trabalhar cedo em sua vida, mas isso não pode ser algo que deve ser almejado. Como diria uma música infantil, “Criança não trabalha, criança dá trabalho!”

Felipe Mello

Colunista

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.