Fala-se cada vez mais em ESG nas mídias, na TV, nas redes sociais, nas rodas de conversa dentro do escritório. Porém a atenção às questões socioambientais e de governança ultrapassou tais ambientes, chegando à indústria cinematográfica.

A sétima arte está cada vez mais diversa e inclusiva. Os personagens negros estão ganhando espaço nos filmes e séries, e as crianças estão sendo expostas a diferentes culturas e perspectivas.

Diversidade na Disney, Crise Econômica e de Governança Corporativa

Um exemplo disso é o filme “A Pequena Sereia”, que está sendo reimaginado com uma protagonista negra, interpretada por Halle Bailey. A escolha de Bailey foi polêmica, mas também foi celebrada por muitas pessoas. Para alguns, isso é um sinal de que o cinema está finalmente se tornando mais diverso.

Outro exemplo é o filme “Homem-Aranha: Através do Aranhaverso”, que conta a história de Miles Morales, um Homem-Aranha negro do Brooklyn. O filme é elogiado por sua representação positiva dos negros e por sua mensagem de esperança e superação.

Esses filmes são importantes porque mostram para as crianças que elas podem ser o que elas quiserem, não importa sua cor da pele. Eles também ajudam a quebrar estereótipos e a promover a inclusão. O cinema contemporâneo está cada vez mais ousado e criativo. Os cineastas estão usando suas obras para explorar questões sociais e ambientais de forma inovadora e impactante.

Esses filmes não apenas divertem, mas também nos levam a pensar sobre o mundo ao nosso redor e como podemos fazer a diferença. Um exemplo disso é o filme “Nomadland”, dirigido por Chloé Zhao. O filme conta a história de uma mulher que, após perder o emprego e a casa, decide se tornar uma nômade moderna. Ela viaja pelo país em seu trailer, vivendo de pequenos trabalhos temporários. Nomadland é um filme poderoso que explora o tema da precariedade econômica e social, oferecendo uma visão íntima da vida das pessoas que foram afetadas pela crise econômica global.

Outro exemplo é o filme “Parasita”, dirigido por Bong Joon-ho. O filme conta a história de uma família pobre que se infiltra na casa de uma família rica. Parasita é um filme tenso e cheio de reviravoltas que explora o tema da desigualdade social. O filme ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2020, tornando-se o primeiro filme de língua não inglesa a ganhar o prêmio.

No tema de governança corporativa também temos muitos bons exemplos de filmes. A Grande Aposta (2015) é um filme baseado no livro homônimo de Michael Lewis e conta a história de um grupo de investidores que previu o colapso do mercado imobiliário em 2008. O filme mostra como o sistema financeiro estava adoentado e como a falta de governança corporativa contribuiu para a crise.

Outro bom filme é “Inside Job” (2010) um filme documental mostra como os grandes bancos e instituições financeiras se envolveram em práticas arriscadas e como a falta de regulamentação permitiu que eles se endividassem excessivamente na mesma crise de 2008.

E por fim temos o clássico “O Lobo de Wall Street” (2013) filme baseado na história real de Jordan Belfort, um corretor da bolsa que se envolveu em fraudes financeiras. O filme mostra como Belfort usou esquemas de pirâmide e outros métodos ilegais para enriquecer.

Relação homem natureza representada por uma obra prima da literatura

Os filmes sobre as questões climáticas e ambientais são mais numerosos e mudaram um pouco seu perfil. Filmes catastróficos como “O dia depois de amanhã” não fazem mais tanto sucesso embora tenham muitos documentários com esse clima. O meio ambiente se torna um personagem real no filme “As Oito Montanhas” (2022), onde a relação entre o homem e a natureza tem um papel muito importante.

O filme “Minimalismo Já” (2020) é um documentário que tenta demonstrar a importância das coisas simples em entrevistas com pessoas que rejeitam o ideal de que as posses materiais trazem felicidade.

E o mais icônico dos filmes que se dedicam a mostrar a relação homem-natureza, “Na Natureza Selvagem” (2007) tem roteiro baseado no livro homônimo de Jon Krakauer, foi dirigido por Sean Penn e tem uma excelente trilha sonora de Eddie Vedder vocalista do Perl Jam.

O filme conta ainda uma fotografia impressionante com imagens de tirar o fôlego. Conta a história real das viagens de Christopher McCandless através da América do Norte e sua vida passada no Alasca no início da década de 1990. O jovem de 22 anos, recém-formado biólogo e com futuro promissor renuncia a sua vida privilegiada e sai em busca de um propósito, transformando-se em um exemplo da busca pelo equilíbrio entre homem e natureza. E é aí que vem a grande mensagem [ALERTA DE SPOILER] não só do filme mas da vida de Christopher: “a felicidade só é verdadeira quando compartilhada”.

A sétima arte tem o poder de influenciar tendências e costumes da sociedade, e é ótimo ver que ela está sendo usada para promover discussões profundas e necessárias. O cinema é uma forma poderosa de comunicação tendo papel relevante na educação e na promoção de mudança social.

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.