Em 2021, a ExxonMobil, gigante do petróleo e uma das principais emissoras de CO2 de escopo 3 (emissões pelas quais a empresa é indiretamente responsável), enfrentou um desafio vindo de uma empresa de investimentos recém criada e com um forte enfoque em questões de sustentabilidade, a Engine No. 1. O caso desde então simboliza a influência crescente do ativismo acionário e reflete a mudança nas expectativas dos investidores em relação à responsabilidade corporativa, social e ambiental. Ativismo acionário é quando um investidor ou grupo de pessoas obtém uma posição relevante em uma empresa listada na bolsa, por meio da compra de ações, com o objetivo de usar essa posição para pressionar a Diretoria a realizar mudanças em aspectos das operações do negócio.
Historicamente, a ExxonMobil tem sido uma força dominante na indústria energética, detendo cerca de 3% das reservas globais de petróleo, mas com baixo engajamento para reduzir suas emissões. Por outro lado, a Engine No. 1, fundada em 2020, nasceu influente no mundo dos investimentos, focando em impulsionar mudanças significativas nas políticas de grandes corporações, com especial atenção às questões climáticas.
O caso
Com uma participação minoritária como acionista da ExxonMobil, a Engine No. 1 desafiou a gigante do petróleo, lançando uma campanha para eleger três de seus indicados ao conselho de administração. Combinou negociações diretas com outros acionistas, campanhas de conscientização e candidatos experientes no setor energético e elegeu três diretores alinhados com os seus objetivos climáticos.
Um alerta para o mundo corporativo, provando que acionistas menores podem efetivamente impactar a governança das grandes empresas. Além de sua vitória no conselho, a Engine No. 1 também trouxe à tona debates sobre a eficácia das estratégias de investimento sustentáveis.
Enquanto alguns especialistas questionaram o impacto real da Engine No. 1 nas políticas da ExxonMobil e consideraram a campanha uma forma de marketing, outros viram nela um precursor de mudanças significativas nas estratégias corporativas de empresas de combustíveis fósseis.
A empresa se comprometeu a investir U$15 bilhões em soluções de baixo carbono, antecipou suas metas de redução de emissões de GHG (gases do efeito estufa) para 2025, criou a unidade de negócios “Low Carbon Solutions” (soluções com baixo carbono).
Soma-se a isso, a melhoria do desempenho da empresa com um aumento de mais de 200 bilhões de dólares em seu valor de mercado desde o início da campanha da Engine No. 1, superior a outras empresas da indústria de petróleo e gás.
Resultado de sucesso é ser sustentável
Este episódio é um marco na história do ativismo corporativo e sinaliza uma mudança significativa na mentalidade das pessoas e do mercado. As ações dos acionistas refletem uma compreensão mais profunda de que o sucesso empresarial está diretamente ligado à sustentabilidade e à saúde do planeta. Este caso serve como um poderoso lembrete de que, em um planeta enfrentando uma crise climática, ações responsáveis e sustentáveis são os melhores indicadores de sucesso nos negócios.
O início da transformação na ExxonMobil, impulsionado pela campanha da Engine No. 1, mostra que práticas sustentáveis e a responsabilidade corporativa são essenciais para a valorização de longo prazo das empresas, abrindo um novo capítulo no mundo dos negócios.
Sim! Isso se chama ESG!
Comunicóloga especializada em meio ambiente e com pós-graduação em gestão de energia, marketing e MBA em Gerenciamento de Crises. Ampla experiência em comunicação ambiental, sustentabilidade e gestão de imagem.
Daniela Klein
Desenvolve Relatórios de Sustentabilidade em padrões globais (certificada GRI e BID) e atende demandas de ESG. Com mais de 20 anos de carreira, já atuou em redações, assessorias públicas e privadas. Fundadora e CEO da KICk, empresa focada em comunicação socioambiental e branding.