Os Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, serão os primeiros jogos em 130 anos com o mesmo número de atletas femininos e masculinos. No ano de 1900 eram 22 mulheres, diante de 975 homens. Com direitos que se restringiam a competições de tênis, golfe, equitação, croqué e vela. Foram necessárias décadas para que as mulheres pudessem de fato participar de provas tradicionais como a corrida.

A jornalista francesa Alice Milliat criou a primeira Federação Internacional de Esportes Femininos, sendo a responsável por organizar, em 1922, os Jogos Olímpicos das Mulheres que devido ao seu grande sucesso obrigou o Comitê Olímpico Internacional a aceitar as mulheres no atletismo em 1928. A presidente da Fundação hoje, Aurélie Bresson, afirma que “Alice Milliat foi a primeira a apostar no esporte feminino. Ela fez da inclusão das mulheres no esporte o combate de sua vida. Sobretudo porque nessa época, grandes personalidades eram contrárias à participação das mulheres nos Jogos Olímpicos”.

A conquista está longe de significar igualdade de gênero nos esportes

Hoje teremos prova mista de atletismo, uma categoria a mais no boxe feminnino, provas mistas de vela e de tiro, além de duas provas de canoagem slalom extremo. A entrada dessas modalidades é resultado de uma batalha intensa dentro das federações esportistas. Ter em 2024 o mesmo número de atletas e de medalhas para homens e mulheres é um passo muito importante, mas está longe de significar igualdade de gênero nos esportes. Afinal, não vemos isso nos Jogos Paralímpicos e nem nas Olímpiadas de Inverno.

Até recentemente, a seleção feminina de futebol nos Estados Unidos não recebia o mesmo salário que seus colegas homens, mesmo tendo quatro medalhas de ouro olímpica e quatro títulos de Copa do Mundo. Enquanto isso, a seleção masculina apresentava apenas uma medalha de prata das Olimpíadas de 1904. No Brasil, a maior artilheira em Copas do Mundo entre homens e mulheres, eleita a melhor jogadora do mundo seis vezes, Marta Vieira da Silva, jogou a Olimpíada de Tóquio sem patrocínio na chuteira, como uma forma de protesto contra as propostas recebidas com valores mais baixos do que os dos homens.

Parte de uma revolução

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Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.