Durante a temporada de escalada do Monte Everest, os alpinistas dedicam extenso tempo no acampamento base adaptando-se à baixa pressão atmosférica e à elevada altitude. O acampamento está equipado com instalações sanitárias dedicadas, mas a logística de saneamento torna-se mais complexa à medida que os escaladores avançam montanha acima. Frequentemente, optam por enterrar seus dejetos ou, em áreas com escassez de neve, são forçados a expô-los ao ar livre. Este comportamento resulta em um problema ambiental significativo: as baixas temperaturas impedem a decomposição das fezes, e poucos são os que as recolhem em sacos biodegradáveis para transporte de volta à base.

 

Medidas de controle

A gestão de resíduos em altitudes extremas é um desafio monumental. O Sagarmatha Pollution Control Committee (SPCC) reportou que, em 2017, foram recolhidas aproximadamente 25 toneladas de lixo sólido e 15 toneladas de resíduos humanos na face nepalesa do Everest. Com o passar dos anos, o Everest está se transformando no depósito de lixo a céu aberto mais elevado do planeta, acumulando detritos de barracas, cilindros de oxigênio, alimentos e excrementos.

Desde 1991, o SPCC implementa medidas para mitigar o impacto ambiental, gerenciando a coleta de lixo no acampamento e ao longo das trilhas do parque nacional. Uma política adotada pelo Nepal exige que cada alpinista deposite uma garantia de 4 mil dólares antes da escalada, a ser reembolsada somente se retornarem com pelo menos 8kg de lixo. Essas iniciativas são vitais para preservar a integridade do ecossistema do Everest e garantir a sustentabilidade das futuras expedições.

Os desafios associados à escalada de montanhas elevadas são significativos, abrangendo desde a escassez de recursos até a deficiência na consciência ambiental dos escaladores. As alterações climáticas exacerbam essas dificuldades, tornando-as mais evidentes. É importante destacar que os desafios se intensificam acima dos 8 mil metros, uma zona que demanda oxigênio suplementar devido à diminuição da pressão atmosférica.

A ausência de consciência ambiental

No que se refere aos resíduos humanos, embora não haja dados oficiais sobre o volume de excrementos na montanha, recentemente foi implementada uma regulamentação que exige que os alpinistas desçam com seus dejetos. Esta medida foi adotada após relatos de especialistas que indicavam um odor desagradável no monte.

Portanto, essa regulamentação tem como objetivo sensibilizar os alpinistas para a importância de manter não apenas a estética, mas também as condições sanitárias da montanha, que é palco de inúmeros sonhos e aventuras. Com o aumento do turismo na região, tais iniciativas são cada vez mais cruciais para a preservação do ambiente natural.

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.