As ondas de calor que assolam Espírito Santo, Cuiabá e o Rio de Janeiro trouxeram de volta a música “Rio 40 graus” de Fernanda Abreu, mas agora as sensações térmicas já alcançam 60° e isso não deve nem pode passar despercebido.

Um recente estudo da Climate Central mostrou que cerca de 90% da população mundial enfrentou pelo menos 10 dias de calor extremos e 73% enfrentou por mais de um mês.

Brasil incentiva produção de petróleo

Os vultos de investimentos em energias renováveis nos trás a sensação que estamos no caminho certo, contudo somente em 2022, 7 trilhões de dólares foram concedidos em subsídios aos combustíveis fósseis cifra muito superior às empregadas em energias renováveis.

Os governos persistem na busca pelo topo entre os maiores produtores de petróleo, inclusive o Brasil. O “leilão de fim do mundo” colocou blocos próximos ao Atol das Rocas e a Fernando de Noronha para serem vendidos, sendo que são regiões conhecidas pela sensibilidade ambiental. E isso porque já vivemos os impactos que um derramamento de petróleo pode acarretar no ecossistema durante 2019 no Nordeste. Afinal, as manchas de óleo causaram o maior desastre ambiental que já atingiu a costa brasileira.

Modinha e “gourmetização” do conceito

Contudo, as pessoas continuam “gourmetizando” as mudanças climáticas. Nas últimas semanas quem não foi à praia e ouviu “as melhores atividades que você pode fazer para aproveitar esse calor de 40 graus: standup e caiaque” ou foi olhar aquela sua loja favorita que lançou “coleção 40 graus”. Nós não devemos ignorar as questões socioambientais que comprometem a vida humana e a saúde do planeta. 

Não devemos transformar as mudanças climáticas em um cenário mais sofisticado, nem refinado como uma simples coleção de roupas. Até porque, o aumento da temperatura do planeta não está apenas trazendo ondas de calor extremas, mas secas, inundações e incêndios florestais,  acidificando nossos oceanos e causando o derretimento das calotas polares.

As mudanças climáticas já prejudicam o crescimento estrutural e o PIB do Brasil, de acordo com a avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico que afirmam que a infraestrutura brasileira é particularmente vulnerável aos eventos climáticos extremos devido a sua urbanização rápida, descontrola e não planejada. Essa modinha uma hora vai pegar de vez e não vai ser nada gourmet.

Felipe Mello

Colunista

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.

Biólogo, mestre em Desenvolvimento Sustentável e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência em projetos nas diversas vertentes que envolvem o desenvolvimento sustentável. É coautor de um livro sobre Gestão de Projetos Socioambientais e de diversos capítulos de livros e artigos técnico científicos publicados na área da sustentabilidade. Atua ainda como Head de Conteúdo ESG na Rede Vitória.