Por Cintia Dias

Não sabe por onde começar? Conheça sete iniciativas sustentáveis de baixo custo

Saiba como ser sustentável sem investimento alto. Conheça sete iniciativas sustentáveis de baixo custo que fazem a diferença.

Não sabe por onde começar? Conheça sete iniciativas sustentáveis de baixo custo

A Sustentabilidade possui inúmeros desafios para se tornar um modelo de negócios dominante, e o maior deles reside no desconhecimento sobre a disciplina. Muitos indivíduos a classificam como uma atividade de segundo plano, menos importante que outras ações organizacionais; a relegam a um mecanismo de atendimento ao marco regulatório ou instrumento de ganho reputacional, ou não dispensam atenção e recursos suficientes ao seu avanço.

O mantra da sustentabilidade é comece, ainda que pequeno, e continue. Não espere as condições ideais nem o plano perfeito. E, para comprovar que é possível ser sustentável mesmo sem um departamento estabelecido e planos e orçamentos robustos, seguem algumas iniciativas que podem ser implantadas com baixa complexidade e alto impacto. 

1. Revisar os processos de pagamento

Muitas empresas, principalmente de médio e grande porte, por terem estruturas organizacionais grandiosas, possuem processos de controle pujantes, que acabam por penalizar os fornecedores menores, justamente aqueles que não têm fluxo de caixa suficiente para suportar suas operações enquanto esperam o pagamento por seus bens e serviços. Uma medida sustentável é revisitar esse processo a fim de identificar como simplificá-lo e torná-lo mais ágil, a fim de reduzir o prazo entre a prestação do serviço ou entrega do produto e sua respectiva remuneração. Se necessário, as empresas podem priorizar o pagamento aos fornecedores de pequeno porte, mais carentes desses recursos.

2. Priorizar pequenos fornecedores

Sabe aquela empresa pequena, que está engrossando as estatísticas brasileiras e lutando para manter sua operação em meio a grandes concorrentes e à burocracia e despesas do chamado Custo Brasil? Pois é, que tal conhecer seu portfólio e adquirir seus produtos e serviços? Dessa forma, é possível contribuir para que o empreendimento aumente sua receita, amplie as vagas de empregos (são elas que geram 80% das posições formais no Brasil), incremente seu portfólio de clientes com a provisão a uma grande ou média empresa, o que chancela seus serviços, e gere mais divisas para o seu território.

3. Promover a diversidade

Muitas empresas e pessoas classificam, equivocadamente, como vitimismo as reivindicações de públicos minorizados, como mulheres, negros, pessoas com deficiência e LGBTQIA+. Não se trata, no entanto, de reclamações vazias, desprovidas de legitimidade. Esses públicos comprovadamente têm menor acesso a oportunidades e precisam de políticas afirmativas para poderem usufruir de benefícios delegados a outros indivíduos. É positivo contratar e promover essas pessoas nas organizações, diminuindo as exigências nos processos seletivos para habilidades que não são requeridas nos cargos, assumindo a responsabilidade por treiná-los ou reconhecendo todo o seu potencial quando há oportunidades de promoção.

4. Valorizar os colaboradores

Há várias pesquisas que apontam o que os colaboradores valorizam em suas relações laborais: ambiente de trabalho e cultura positivos, reconhecimento, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, flexibilidade, autonomia, respeito, confiança, transparência e oportunidade de crescimento. Embora os processos seletivos ainda elenquem os benefícios financeiros (salário, plano de saúde, cartão alimentação, entre outros), a maioria das pessoas procura um ambiente de segurança psicológica (e isso passa por confiança) e reconhecimento. Não é um requisito possuir grandes orçamentos para provê-los de contratos híbridos, folgas como premiação por um bom desempenho, autonomia no desenvolvimento de suas atividades (microgerenciamento é ausência de confiança), e elogios (sempre foram gratuitos, use sem moderação). 

5. Canais de escuta ativa com a sociedade

A visão da sustentabilidade é de 360 graus, com canais de relacionamento abertos a todos os stakeholders, transparência das atividades empresariais e respeito à perspectiva das partes interessadas. Ouvir e acolher a visão das demais pessoas sobre a empresa e suas atividades é algo que pode ser feito com um formulário no site, pelas redes sociais, por meio do atendimento via 0800 ou até por uma política de portas abertas, em que as pessoas possam visitar a empresa, conhecer e se manifestar sobre seu processo produtivo. A riqueza desse diálogo é significativa. Isso não levaria a empresa a receber críticas? Pode ser que sim e, nesse caso, já há a oportunidade de explicar a situação ou levar a questão para tratamento interno sem que ganhe, antes, manifestações públicas. Fechar os canais é a pior forma de lidar com possíveis reivindicações.

6. Adotar medidas em prol do meio ambiente

Toda operação gera resíduos, umas mais, outras menos. Entender o processo produtivo e identificar onde há oportunidade de redução e reciclagem é um grande ganho para a empresa e uma fonte de engajamento para os colaboradores. Além disso, é possível melhorar a eficiência energética e promover campanhas de sensibilização para sua economia, que atinjam as residências dos colaboradores, fomentar um grupo de carona solidária para reduzir o uso de combustíveis fósseis, fazer campanhas de consumo consciente e de separação do lixo, entre outras iniciativas que ampliem o conhecimento do corpo funcional sobre o tema e sua adoção a práticas sustentáveis. 

7. Estabeleça um programa de voluntariado

A sociedade está repleta de carências. É reconhecido o fato de que o governo não consegue prover os indivíduos de todas as suas necessidades. Uma forma de contribuir para diminuir as mazelas atuais é por meio do voluntariado, envolvendo os colaboradores em causas sociais e ambientais. A iniciativa pode beneficiar um projeto próprio da empresa ou disponibilizar tempo e conhecimento dos colaboradores em prol de programas de terceiros. Além de ajudar ONGs e entidades civis com o incremento do esforço em torno de suas causas, o programa ainda vai melhorar o clima organizacional, ampliar a consciência social desse público e causar um impacto positivo no território. 

Tais ações possuem o potencial de transformar a realidade vigente e iniciar a empresa nas práticas ESG, que podem ser incrementadas à medida que novos recursos e iniciativas estejam disponíveis.

Cintia Dias

Jornalista, publicitária, mestre em administração, especialista em comunicação, sustentabilidade e marketing e membro do Comitê Qualificado de Conteúdo de ESG do IBEF-ES

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.