À medida que o Brasil se aproxima da transição do verão para o outono, uma nova onda de calor se anuncia, prometendo ser um dos últimos suspiros térmicos da estação. Este fenômeno climático prevê impactos significativos em diversas regiões do país, demandando prudência e medidas preventivas por parte da população, bem como vigilância redobrada dos setores agrícolas.
A sincronia desta onda de calor com a entrada do outono, marcado para 20 de março, ressalta a importância de estar preparado para as mudanças sazonais. O outono é caracterizado por dias mais curtos e temperaturas mais suaves, uma consequência direta da redução progressiva da incidência solar.
Segundo critérios estabelecidos pela Organização Meteorológica Mundial, uma onda de calor é definida pelo aumento das temperaturas médias em 5°C durante um período mínimo de cinco dias consecutivos. Ontem (17/03), o Rio de Janeiro registrou uma sensação térmica extraordinária de 61°C, enquanto o estado do Espírito Santo também experimentou condições climáticas extremas.
A sensação térmica é um indicador crucial para entender como o corpo humano percebe as variações de temperatura. Ela não depende apenas da temperatura do ar, mas também da umidade e da velocidade do vento. Em altas temperaturas, o mecanismo de suor do corpo atua para regular a temperatura interna, com a evaporação do suor proporcionando um efeito refrescante. Contudo, em ambientes de alta umidade, esse processo é menos eficiente, resultando em uma maior percepção de calor.
Onda de calor é um desastre negligenciado e mata mais que chuva e deslizamento
As ondas de calor representam um desastre natural frequentemente subestimado, com um impacto mortal significativamente maior do que outros eventos como chuvas intensas e deslizamentos de terra. Um estudo conduzido pela UFRJ analisou as 14 principais regiões metropolitanas do Brasil e constatou que, entre os anos de 2000 e 2020, ocorreram aproximadamente 50 mil mortes associadas a ondas de calor somente nestas áreas. Este número é vinte vezes superior ao de fatalidades causadas por deslizamentos.
Embora muitas mortes ocorram em decorrência das ondas de calor, frequentemente não se reconhece que estas estão diretamente ligadas ao fenômeno. A percepção das ondas de calor como um desastre letal começou a mudar na Europa após o episódio extremo na França em 2003, que resultou na morte de 20 a 40 mil pessoas. Desde então, protocolos específicos foram estabelecidos e são aplicados para lidar com tais eventos. No Brasil, ainda carecemos dessas medidas preventivas.
Reconhecer as ondas de calor como um desastre implica na implementação de uma estratégia integrada que envolve tanto alertas meteorológicos quanto protocolos para órgãos de saúde e assistência social, orientando sobre as ações necessárias antes, durante e após esses eventos críticos.
Até quando vai a onda de calor?
A recente onda de calor que assola o Brasil, marcada por temperaturas extremamente elevadas, está prevista para persistir até a próxima quarta-feira, dia 20 de março. Especialistas recomendam evitar exposição ao sol e ao calor, especialmente entre as 10h e 16h, período que registra as temperaturas máximas do dia. Apesar de uma previsão de leve aumento nas chuvas nos próximos dias, o início do outono ainda será caracterizado por muito calor e pouca chuva.