O Brasil enfrenta um aumento alarmante de 410% nas queimadas em fevereiro de 2024, comparado ao mesmo período do ano anterior, com cerca de 950 mil hectares afetados. Este dado, fornecido pelo Monitor do Fogo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, destaca que a Amazônia e o Cerrado sofreram com 79% das chamas, totalizando 750 mil hectares. No acumulado do ano, o país já registra 1,98 milhões de hectares queimados, um aumento de 319% em relação aos primeiros meses de 2023.
Seca e El Niño
O estado de Roraima, afetado por um período de seca exacerbado pelo fenômeno El Niño, contabiliza sozinho 1 milhão de hectares queimados, principalmente de vegetação campestre. Pará e Amazonas seguem com 475 mil e 136 mil hectares, respectivamente, somando 85% do total nacional.
A crise climática e a seca são apontadas como causas principais, mas o ano recorde de calor e a inatividade das operações de fiscalização do Ibama devido a paralização dos servidores do órgão, também são fatores relevantes. A ação humana, muitas vezes para abrir novas áreas de pastagem, é uma grande contribuinte para as queimadas, que ameaçam a biodiversidade e desestabilizam ecossistemas vitais como a Amazônia, que raramente queima por causas naturais devido à sua umidade.
O problema tem múltiplas causas
O aumento alarmante de queimadas nos três estados brasileiros desafia a identificação de uma causa única, embora a seca extrema de 2023, exacerbada pela crise climática, tenha sido um fator significativo. A situação é agravada pelo ano recorde de calor e os efeitos do fenômeno El Niño, além da redução das atividades de fiscalização ambiental pelo Ibama.
A Amazônia, notoriamente úmida, raramente incendeia por causas naturais, o que sugere uma predominância de fatores antrópicos nas recentes queimadas, muitas vezes para conversão de terras em pastagens. O impacto é devastador: somente em janeiro, 1,03 milhões de hectares foram consumidos pelo fogo, um aumento de 248% em comparação com o ano anterior.
A preservação das florestas é mais do que uma medida ambiental; é uma estratégia crítica para mitigar as mudanças climáticas, considerando seu papel no sequestro de carbono, na regulação hídrica e na reflexão solar. Contudo, a restauração florestal já não é vista como viável, dada a magnitude dos danos. A necessidade agora é de ação política global e financiamento adequado para salvaguardar o que resta e, idealmente, reverter os danos causados.
A perda contínua de biodiversidade e serviços ecossistêmicos, juntamente com a liberação de carbono, coloca os próximos anos como decisivos para o futuro do planeta. Proteger os biomas terrestres transformou-se de uma escolha para uma imperativa urgente, essencial para a sustentabilidade ambiental e a sobrevivência das gerações futuras.