No decorrer do ano, algumas medidas se destacaram frente ao combate contra as mudanças climáticas. Contudo, é natural que a atenção se volte para os desastres ambientais que dominaram as manchetes, desta forma vemos que as notícias positivas em comparação com as negativas se mostram mais discretas. Sem contar que, algumas medidas sequer foram amplamente divulgadas para que tomassem seu devido foco. Sendo assim, hoje trazemos as vitórias silenciosas de 2023, afinal devemos comemorar as pequenas e grandes conquistas.

Ritmo de desmatamento na Amazônia desacelerou

Em novembro, a Amazônia registrou a maior queda na taxa de desmatamento do ano, sendo 80% menor do que o calculado em 2022 e o menor patamar alcançado desde de novembro de 2017, de acordo com o Imazon (Instituto do Homem e do Meio Ambiente). Assim, o novo governo brasileiro se compromete em parar completamente o desmatamento até 2030, e de adotar novas medidas de monitoramento para detecção de atividades ligadas a extração ilegal de madeira, por exemplo. De forma a desacelerar significativamente o desmatamento e ainda trabalhar em conjunto com o MapBiomas, para a coleta e apresentação de dados sobre as mudanças do uso da terra.

Defesa dos direitos indígenas no Brasil

O caso dos indígenas Xokleng se tornou cerne de um dos julgamentos mais importantes da história da Suprema Corte do Brasil, que definiu e  confirmou o direito dos povos indígenas às suas terras ancestrais em uma decisão histórica. Até então, o povo Xokleng havia sido expulso de suas terras e protestado contra a tese do marco temporal que indicava que a demarcação de terras indígenas só poderia ocorrer em comunidades que ocupavam esses locais quando a Constituição foi promulgada. Ressalta-se que, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ainda reconheceu seis novas reservas indígenas, proibindo a mineração e restringindo a agricultura comercial nelas

COP 28

A 28° Conferência das Partes não poderia ficar de fora, afinal a comunidade internacional reconheceu a necessidade de mudanças rápidas, profundas e duradouras para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Tendo em vista que, em nenhuma outra os países concordaram com a eliminação gradual do uso de combustíveis fósseis em todo mundo até que chegassem ao marco zero e abandonassem totalmente. Dessa forma, os 200 países buscam manter de pé o objetivo e compromisso de limitar o aquecimento a 1,5°C.

Além disso, a criação do fundo de Perdas e Danos que se iniciará já no início do próximo ano promete atribuir anualmente US$100 bilhões a países mais vulneráveis que sofrem com secas e inundações frequentes e com a iminente subida do nível do mar, para assim ajudar na mitigação e adaptação desses países frente às mudanças climáticas.

Empresas levadas a julgamento por poluição plástica e Tratado Alto Mar

Todo ano são produzidos cerca de 460 milhões de toneladas de resíduos plásticos no mundo, sendo 22% dos mesmos despejados em aterros, queimados a céu aberto ou lançados de maneira irregular nos meios terrestres e costeiro. Contudo, no que diz respeito a esse lançamento irregular novas vias legais agora permitem que as pessoas processem os fabricantes de plásticos por danos causados ao ambiente. No início de 2023, por exemplo, a Danone foi levada ao tribunal por grupos ambientalistas, assim como a PepsiCo foi processada pelo próprio Estado de Nova York por contaminar a água e prejudicar a vida selvagem no Rio Buffalo.

A grande questão é que a cada minuto, o equivalente a um caminhão de lixo plástico é jogado em nosso oceano, de acordo com a ONU. A poluição plástica é um problema global que requer atenção. Agora com a criação do Tratado de Alto Mar, foi estabelecido um marco legal para estender as faixas de proteção ambiental a águas internacionais. Dessa forma, seria possível que até 2030 o objetivo de proteger 30% dos oceanos do mundo se concretize, tendo em vista que a adoção do tratado prevê a conservação e uso sustentável da biodiversidade marinha, para além da jurisdição nacional.

Energia Limpa e diminuição das emissões do setor elétrico

A energia proveniente de fontes renováveis cresceu rapidamente com a demanda global, de forma a diminuir significativamente as emissões do setor, sendo assim uma transformação positiva no que diz respeito às mudanças climáticas. Já que, estamos num ponto em que as emissões se estabilizam e param de aumentar para que as energias limpas ganhem mais impulso e foco.

Por fim, a coluna ESG deseja um 2024 sustentável e próspero à todos!!

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.