O Rio Branco, a principal artéria fluvial de Roraima, atingiu a marca alarmante de 39 centímetros negativos em 25 de março, mergulhando na segunda maior seca já registrada. Apenas a seca de 2016, quando o rio despencou para 57 centímetros negativos, supera a atual crise hídrica. Dunas de areia agora dominam a paisagem outrora inundada, transformando o rio em uma vasta praia e alterando drasticamente a vida cotidiana da população local. Balsas e canoas encalhadas, pescadores desamparados e pessoas atravessando o leito do rio a pé tornaram-se cenas comuns.
A tendência é que o rio continue a diminuir, considerando que seus níveis já estavam baixos desde outubro de 2023, quando a estiagem começou. As precipitações na região estão muito abaixo do normal desde janeiro deste ano, acentuando e prolongando a vazante devido à ausência de chuvas em março. A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima classifica a situação como “sensível”, uma vez que o rio é a principal fonte de abastecimento para inúmeros residentes de Boa Vista.
Roraima no Topo do Ranking de Focos de Calor no Brasil
Se os níveis do rio continuarem a cair, pode chegar um momento em que a bomba de captação de água terá que ser desligada, pois não haverá volume suficiente para garantir o abastecimento. Isso, combinado com o cenário atual de incêndios, fumaça e estiagem em Roraima, pode ter um impacto drástico no meio ambiente. O desmatamento, as queimadas e o fenômeno El Niño estão prejudicando a recarga dos lençóis freáticos e dos rios. Quatorze dos quinze municípios do estado já declararam estado de emergência.
Este ano, foram registrados 2.295 focos ativos de calor em Roraima, de acordo com o Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, colocando o estado no topo do ranking de focos de calor em todo o Brasil. A grande questão é que os focos têm aumentado e a forte seca que persiste é um dos fatores que agravam a situação, uma vez que a estiagem contribui para a desidratação da vegetação, o aumento da temperatura e a ocorrência de ventos fortes.
Ações Ilegais Provocam Incêndios Devastadores
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