Todo trabalho ou serviço que submete pessoas a trabalhos forçados ou a jornadas exaustivas exigido sob ameaça, violência ou intimidação é definido como trabalho análogo à escravidão e é considerado um crime. Uma forma de escravidão contemporânea que fere gravemente os direitos humanos fundamentais ao sujeitá-las a condições de vida degradantes.

Embora pareça absurda essa realidade, a mesma se encontra presente em cadeias produtivas que fazem parte do nosso dia a dia. Notícias relacionas a atividades análogas a escravidão ainda são frequentes.

Crise reputacional

De 1995 a junho de 2020 foram resgatadas 55 mil vítimas de trabalho escravo, destas mais de 43 mil eram trabalhadores e trabalhadoras do campo. Recentemente, casos de trabalho com condições análogas a escravidão nas vinícolas gaúchas, em roupas de grife e grupos têxteis foram denunciados.

Há poucas semanas atrás, a maior ação conjunta de combate ao trabalho escravo e tráfico de pessoas retirou 532 trabalhadores das condições de trabalho escravo contemporâneo em 15 dos 22 Estados brasileiros visitados. Em todo o ano passado, foram registrados 2.575 resgates no País.

Cadeias de produção que são de fato baseadas em estratégias ESG buscam incluir em suas relações uma gestão responsável de seus terceiros para obtenção de mudanças significativas. Não basta tratar dizer que adota práticas ESG é preciso demonstrar as práticas e publicar os resultados e indicadores claramente. É uma questão de ética.

Consumidor é quem decide o destino das empresas

Porém, empresas que adotam esse tipo de conduta têm seus negócios duramente afetados por seus consumidores que cada vez mais vêm buscando conhecimentos sobre os locais onde compram determinado produto ou contratar determinado serviço. Quase 30% dos consumidores globais já boicotaram ativamente um produto ou uma marca devido a suas credenciais éticas e 40% buscam marcas que garantem que os produtores foram tratados de forma ética.

As empresas precisarão empreender esforços significativos para alterar o comportamento do consumidor para que os consumidores adotem correta e efetivamente produtos e serviços sustentáveis.


Em um futuro próximo, não existirá empresa que a sociedade não queira.

Felipe Mello Colunista
Colunista
Biólogo, mestre em Sustentabilidade e especialista em Gestão de Projetos, com 23 anos de experiência e dois prêmios de melhor Gestor de Projetos do ES.