
A modelo Roberta Close, reconhecida como a primeira mulher trans a alcançar fama no Brasil, voltou a chamar atenção em 2025 após uma raríssima aparição pública. Aos 60 anos, ela foi flagrada deixando um restaurante no bairro do Cosme Velho, no Rio de Janeiro, acompanhada do marido, o empresário suíço Roland Granacher.
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As imagens mostram uma Roberta bastante diferente daquela que brilhou nas capas de revistas e passarelas nas décadas de 1980 e 1990.
Figura icônica da moda e da televisão brasileira, Roberta sempre esteve à frente do seu tempo. Em um país marcado pelo preconceito, ela se tornou símbolo de representatividade LGBTQIA+ em um período onde quase não se falava sobre diversidade de gênero.
O que significa ser uma pessoa trans?
O termo “transgênero” ou “pessoa trans” é usado para descrever quem não se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascer. Isso inclui homens e mulheres trans, além de pessoas não-binárias. No caso de Roberta Close, ela é uma mulher trans, ou seja, foi designada homem ao nascer, mas se identifica e vive como mulher.
Esse processo, conhecido como transição de gênero, pode envolver mudanças no nome, uso de roupas e pronomes, tratamentos hormonais e, em alguns casos, cirurgias — embora nenhuma dessas etapas seja obrigatória para que alguém, seja reconhecido em sua identidade de gênero.
De acordo com dados do Painel de Indicadores da Saúde da População LGBTQIA+, lançado pelo Ministério da Saúde em 2023, cerca de 0,69% da população brasileira se identifica como trans ou travesti — o que representa mais de 1,4 milhão de pessoas. Esses números reforçam a importância de políticas públicas voltadas à garantia de direitos, acesso à saúde e combate à discriminação.
Roberta Close: pioneira e símbolo de resistência
Roberta Close foi um marco na história da televisão brasileira. Ela foi a primeira mulher trans a posar para a revista Playboy, em 1984, e também participou de diversos programas de auditório, tornando-se um rosto conhecido em todo o país. Em meio ao sucesso, enfrentou também muito preconceito e resistência, principalmente no meio artístico e jornalístico.
Desde 1991, Roberta é casada com Roland Granacher e vive na Suíça. Sua decisão de deixar o Brasil foi motivada pelo preconceito. Em entrevista ao podcast Papagaio Falante, em junho de 2024, ela explicou:
“Eu escolhi viver fora do Brasil. Foi uma imigração política. O país não me dava condições dignas de viver.”
Na Suíça, Roberta conseguiu oficializar sua união, ter seus documentos atualizados e viver com seus direitos garantidos — algo que, na época em que deixou o Brasil, era praticamente impossível para pessoas trans.
Aparição rara e repercussão
A recente aparição pública de Roberta Close no Rio de Janeiro gerou comoção nas redes sociais. Aos 60 anos, ela mantém um visual elegante, mas diferente daquele que a consagrou nos anos 80. A discrição segue sendo uma marca registrada da modelo, que evita os holofotes e não costuma conceder entrevistas ou participar de eventos públicos.
Mesmo assim, sua história continua sendo uma referência de representatividade e superação para milhares de pessoas trans no Brasil e no mundo. Seu casamento de mais de 30 anos, sua trajetória na moda e sua luta por direitos civis continuam inspirando gerações.
Pessoas trans no Brasil
Apesar dos avanços nas últimas décadas, a população trans ainda enfrenta obstáculos graves no Brasil. Segundo o Dossiê Assassinatos e Violências contra Travestis e Transexuais Brasileiras, divulgado pela ANTRA (Associação Nacional de Travestis e Transexuais), o Brasil continua liderando o ranking mundial de assassinatos de pessoas trans.
Para enfrentar esse cenário, o Ministério da Saúde tem ampliado o acesso a serviços especializados, como o processo de hormonização pelo SUS, cirurgias de redesignação e atualização do nome social em prontuários. Ainda assim, o preconceito e a exclusão social permanecem desafios urgentes.
Roberta Close permanece como uma das figuras mais relevantes da história LGBTQIA+ brasileira. Sua reclusão não apaga sua importância. Pelo contrário: sua trajetória continua sendo um lembrete do quanto é necessário valorizar a diversidade, combater o preconceito e garantir direitos para todas as pessoas, independentemente de sua identidade de gênero.
Sua aparição recente, aos 60 anos, reforça não apenas sua beleza e elegância, mas também a força de uma mulher que abriu caminhos e segue inspirando gerações inteiras.