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Teste de saúde mental: saiba como está sua saúde mental

Reconhecer os próprios limites é o primeiro passo: avaliações simples ajudam a identificar sinais de estresse, ansiedade e depressão

(Foto: Reprodução/Freepik)
(Foto: Reprodução/Freepik)

Nos últimos anos, o debate sobre saúde mental ganhou visibilidade em meio a transformações sociais, crises sanitárias e mudanças nas relações de trabalho e convivência.

O tema deixou de ser tabu e passou a integrar discussões públicas, campanhas de conscientização e políticas de saúde. Diante desse cenário, cresce o interesse da população por ferramentas que auxiliem na identificação de sinais de desequilíbrio emocional e os chamados testes de saúde mental estão entre eles.

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Esses testes não substituem um diagnóstico clínico, mas podem funcionar como instrumentos de triagem inicial, capazes de apontar indícios de problemas como ansiedade, depressão, estresse e burnout. Muitas versões estão disponíveis gratuitamente em plataformas digitais ou integradas a programas de saúde de empresas, universidades e órgãos públicos.

A lógica é simples: por meio de um questionário com perguntas relacionadas ao comportamento, estado emocional, rotina de sono, apetite, desempenho no trabalho e nas relações pessoais, a pessoa pode refletir sobre seu próprio estado mental e identificar padrões que merecem atenção.

COMO FUNCIONA UM TESTE DE SAÚDE MENTAL?

Os questionários de saúde mental costumam seguir diretrizes de entidades médicas e psicológicas e são baseados em instrumentos de triagem desenvolvidos ao longo de décadas, como a Escala de Depressão de Beck (BDI), a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) ou o questionário DASS-21 (Depression, Anxiety and Stress Scale).

As perguntas abordam diferentes aspectos do cotidiano e da vida emocional. Entre os temas mais comuns estão:

  • Sentimentos de tristeza ou desesperança frequentes
  • Sensação de cansaço constante, mesmo após descanso
  • Dificuldade de concentração ou perda de interesse em atividades
  • Alterações no apetite e no sono
  • Irritabilidade ou tensão muscular
  • Pensamentos negativos recorrentes
  • Isolamento social

A pontuação acumulada nas respostas oferece um indicativo da gravidade dos sintomas. Em muitos casos, os testes são acompanhados de orientações gerais, como procurar apoio especializado em casos de resultados mais preocupantes.

TESTE DE SAÚDE MENTAL

Instruções: responda às perguntas com base em como você tem se sentido nas últimas duas semanas. Use a escala abaixo para cada item:

  • 0 – Nunca
  • 1 – Raramente
  • 2 – Às vezes
  • 3 – Frequentemente
  • 4 – Quase sempre

1. EMOÇÕES E HUMOR

  1. Sinto-me triste, vazio(a) ou sem esperanças.
  2. Tenho chorado sem motivo claro.
  3. Sinto-me ansioso(a) ou em alerta, mesmo sem motivo aparente.
  4. Tenho pensamentos negativos sobre mim ou sobre a vida.
  5. Sinto que não tenho mais prazer nas coisas que antes gostava.

2. CORPO E ENERGIA

  1. Sinto-me cansado(a), mesmo após descansar.
  2. Tenho dores físicas sem explicação médica (como dor de cabeça ou no estômago).
  3. Percebo tensão muscular ou sensação de aperto no peito.
  4. Tenho dificuldades para relaxar ou me sentir em paz.

3. SONO E APETITE

  1. Meu sono está irregular (durmo demais ou de menos).
  2. Tenho dificuldade para pegar no sono ou acordo várias vezes à noite.
  3. Percebo alterações no apetite (comendo mais ou menos que o habitual).
  4. Tenho ganhado ou perdido peso sem querer.

4. CONCENTRAÇÃO E PRODUTIVIDADE

  1. Tenho dificuldade de concentração no trabalho, estudos ou em tarefas simples.
  2. Me distraio facilmente ou perco o foco com frequência.
  3. Sinto que meu desempenho caiu nas últimas semanas.

5. RELAÇÕES E COMPORTAMENTO SOCIAL

  1. Tenho evitado pessoas, inclusive amigos e familiares.
  2. Tenho dificuldade para confiar ou me abrir com os outros.
  3. Tenho estado mais irritado(a), impaciente ou agressivo(a) do que o normal.

6. PENSAMENTOS CRÍTICOS

  1. Tenho pensamentos repetitivos e indesejados.
  2. Já pensei que minha vida não vale a pena ou que seria melhor desaparecer.
  3. Sinto que estou preso(a) em um ciclo negativo sem saída.

PONTUAÇÃO

  • 0 a 20 pontos: Sua saúde mental aparenta estar equilibrada, mas é sempre bom cuidar de você. Continue com bons hábitos e busque apoio preventivo se desejar.
  • 21 a 40 pontos: Alguns sinais de estresse, ansiedade ou tristeza estão presentes. Avalie sua rotina e considere conversar com alguém de confiança ou um profissional.
  • 41 a 60 pontos: Atenção! Sintomas moderados foram identificados. A procura por apoio psicológico pode trazer alívio e novas estratégias para seu bem-estar.
  • 61 a 88 pontos: Nível alto de sofrimento emocional. É fortemente recomendável buscar apoio profissional imediatamente. Cuidar da sua saúde mental é um ato de coragem e autocuidado.

RISCOS DO AUTODIAGNÓSTICO

Apesar dos benefícios, especialistas alertam para os riscos do uso indiscriminado de testes online sem o acompanhamento de profissionais. Um dos principais problemas é o autodiagnóstico equivocado, que pode gerar alarme desnecessário ou, ao contrário, minimizar sintomas graves.

Os testes devem ser vistos como uma ferramenta de apoio, e não como uma resposta definitiva. A interpretação adequada dos resultados depende do contexto individual e deve considerar outros fatores, como histórico médico, ambiente familiar, relações sociais e experiências traumáticas.

Além disso, em alguns casos, as perguntas podem gerar desconforto ou desencadear memórias difíceis. Por isso, o ideal é que os testes sejam aplicados em ambientes acolhedores, com suporte emocional disponível.

INICIATIVAS PÚBLICAS E PRIVADAS

Nos últimos anos, o tema da saúde mental passou a ser tratado com mais seriedade por parte de instituições públicas e privadas. O Sistema Único de Saúde (SUS), por exemplo, oferece atendimento psicológico gratuito nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e em Unidades Básicas de Saúde (UBS), onde é possível iniciar um acompanhamento especializado.

Campanhas como o Janeiro Branco e o Setembro Amarelo também contribuíram para ampliar o alcance das informações sobre saúde mental e incentivaram a criação de canais de escuta, acolhimento e orientação psicológica.

No setor privado, planos de saúde passaram a incluir acompanhamento psicológico e psiquiátrico em suas coberturas, e aplicativos voltados ao bem-estar emocional têm conquistado espaço no mercado, oferecendo desde testes até sessões com terapeutas.

QUANDO E COMO PROCURAR AJUDA?

Mesmo quando os testes indicam um nível leve de sintomas, é importante observar a persistência e a frequência dos sinais. Alterações de humor, apatia constante, crises de ansiedade, insônia recorrente ou dificuldade de manter as tarefas do dia a dia são alguns dos sinais de que o acompanhamento psicológico pode ser necessário.

O diagnóstico correto e o tratamento adequado envolvem a escuta qualificada, avaliação profissional e, em alguns casos, o uso de medicamentos. Psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais estão preparados para acolher e orientar pessoas em diferentes estágios de sofrimento emocional.

Kayra Miranda, repórter do Folha Vitória
Kayra Miranda

Repórter

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.

Jornalista pelo Centro Universitário Faesa.