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Aumenta em 50% o número de capixabas que se autodeclaram indígenas

A maioria da população indígena não mora nas aldeias. Seis em cada dez (67,6%), não estão em áreas demarcadas como território

Foto: Reprodução TV Vitória

O número de pessoas que se autodeclaram indígenas no Espírito Santo aumentou em 50% e a maior parte dessas pessoas vive em ambientes urbanos.

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Sempre fazendo questão de manter os sinais da própria origem no corpo e na literatura, a indígena e estudante de enfermagem Júlia Tupiniquim constantemente se depara com pessoas questionando se ela realmente é indígena.

“Isso é muito comum, principalmente aqui na Grande Vitória. Hoje em dia eu tento explicar para as pessoas essa diferença de eu não parecer aquelas indígenas de cabelo liso e olhos puxados”, disse.

A maioria da população indígena não mora nas aldeias. Seis em cada dez (67,6%), não estão em áreas demarcadas como território. 

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), somente na Grande Vitória são 3.682 indígenas. A Serra tem a maior parte dessa população com 1.326 pessoas e em todo o Estado, são 14.411.

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Foto: Reprodução TV Vitória

Toda semana, Júlia visita a família que mora em Aracruz

Veja a relação de número de indígenas em cidades da Grande Vitória:

Grande Vitória: 3.682
Cariacica: 372
Fundão: 30
Guarapari: 296
Serra: 1.326
Viana: 150
Vila Velha: 866
Vitória: 642

A mudança na forma de como o IBGE calcula essa população, fez com que o número de pessoas reconhecidamente indígenas aumentasse em 50% no Espírito Santo.

No último levantamento, o instituto levou em consideração indígenas como a Júlia, que deixou a aldeia há quatro anos para estudar na Grande Vitória.

“O IBGE procurou ampliar a área de pesquisa dessa informação. Anteriormente estava muito focado nos territórios e nas comunidades e a gente percebeu que havia um grande número da população que poderia estar fora desses territórios”, apontou Fernando Jakes, chefe de Bases Territoriais do IBGE-ES.

Toda semana a Júlia visita a família, que mora em Aracruz e o filho dela já está aprendendo a cultura e tradição dos tupiniquins.

“Ele ama sentir, ele ama quando estamos fazendo a dança dos kurumins, que é quando a gente chama. Ele ama aprender a língua Tupi, que a gente está resgatando agora dentro da nossa aldeia. Eu digo que ele está aprendendo muito mais esse resgate do que eu”, contou a estudante.

Para o historiador e especialista em história indígena capixaba Henrique Valadares, a iniciativa do IBGE resgata a representatividade dos povos nativos, que até a metade do século XIX representavam 60% da população do Espírito Santo.

“Havia uma alta invisibilização dessas pessoas que agora está se despertando mais, principalmente com esse Censo de 2022. Quando você se autoidentifica, você alerta ao poder público que você necessita de mais políticas públicas ou de políticas públicas direcionadas”, explicou.

No país, o aumento da proporção foi maior: em 12 anos saltou 88%, chegando a 1,6 milhão de brasileiros

* Com informações do repórter Lucas Henrique Pisa, da TV Vitória/Record TV.