Juntas, as cidades de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica possuem mais de 280 áreas de risco de deslizamento de terra. Somente na Capital, são 67 pontos de risco alto ou muito alto para esse tipo de ocorrência.
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A confeiteira Maria Penha Guedes mora em uma dessas áreas. Moradora do bairro Vila Prudêncio, em Cariacica, ela conta que levou 25 anos para construir a casa que hoje está vazia e tomada pela poeira.
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Isso porque em dezembro do ano passado, durante as fortes chuvas, o barranco que fica atrás da casa dela cedeu e derrubou parte do muro. A casa está interditada e agora a confeiteira mora de aluguel.
“Tivemos que sair às pressas porque no final do ano passado aconteceu esse deslizamento. Aí caiu muita árvore, o muro caiu e eu e minha irmã tivemos que sair”, contou a moradora.
Chuvas em São Paulo
No último fim de semana, cidades do litoral Norte de São Paulo foram fortemente atingidas por um forte temporal. São Sebastião foi a cidade mais afetada. Várias casas foram soterradas pela lama, mais de 45 mortes foram confirmadas e dezenas de pessoas continuam desaparecidas.
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Na segunda-feira (20), a Justiça paulista concedeu uma liminar que autoriza o Estado a remover moradores que não querem deixar as áreas de risco do litoral Norte.
O problema não é novo. Cidades como Petrópolis e Angra dos Reis, localizadas no estado do Rio de Janeiro, também já sofreram as consequências de temporais nos últimos anos, que causaram deslizamentos e um rastro de destruição e morte em áreas de risco.
Condição financeira impacta saída das famílias
Para a liderança da Central Única das Favelas (Cufa) de Jesus de Nazareth, em Vitória, Hellen Tiburcio, as famílias ocupam essas áreas por conta das condições financeiras limitadas.
“Ou elas assumem o contrato de aluguel ou compram comida. Elas não conseguem fazer as duas coisas. É por isso que esses moradores se submetem a estar nesse local de risco”, explicou.
Em dezembro, a TV Vitória/Record TV mostrou como ficou a casa de Maria após as chuvas. Ela sabe que a área é de risco, mas diz não ter condições de comprar um imóvel em outro bairro.
“Quando eu comprei, os lotes eram mais baratos, agora os terrenos ficaram mais caros e é difícil você financiar, então eu ganhando o salário que ganho hoje eu não consigo comprar um lote ou construir uma casa”, afirmou a confeiteira.
A equipe de jornalismo da TV Vitória procurou as prefeituras para saber o que tem sido feito pelo poder público. Vitória, Cariacica, Serra e Vila Velha informaram que monitoram as áreas de risco e realizam obras de contenção de encostas.
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Dessas cidades, Vitória destacou que possui programa habitacional e que nos últimos dois anos, mais de 130 casas foram entregues.
Sobre a situação de Maria Penha, a Prefeitura de Cariacica informou que está na fase de captação de recursos para a instalação de geomanta em Vila Prudêncio.
Já o governo federal informou que 77 municípios capixabas são monitorados pelo serviço geológico.
* Com informações da repórter Patricia Scalzer, da TV Vitória/Record TV