O Natal é considerado uma das festas do cristianismo mais reconhecidas em todo o mundo. No dia 25 de dezembro, data em que se comemora o nascimento do Menino Jesus, famílias, amigos e parentes se reúnem para trocarem presentes, montarem uma decoração temática, e realizar uma grande Ceia. Mas qual é o verdadeiro significado do Natal?
A palavra “Natal” vem do latim natalis que quer dizer “nascimento”. O professor e teólogo, Vitor Nunes Rosa, realizou uma pesquisa mais aprofundada sobre o significado de alguns símbolos usados nas comemorações de Natal.
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A Manjedoura
O estudo inicia apresentando o significado teológico da manjedoura, lugar onde os animais de gado doméstico encontram a ração que os alimenta. O professor, citando Santo Tomás de Aquino, explica que “Belém quer dizer casa do pão. E o próprio Cristo disse: ‘Eu sou o Pão Vivo que desceu do Céu'”.
“O Papa Bento XVI, nos apresenta a interpretação feita por Santo Agostinho sobre esse fato. Observando a Palavra que está em Isaías 1:3 e a plenitude da revelação divina em Cristo, a Tradição da Igreja reconhece que a manjedoura é uma referência à Mesa de Deus, para a qual somos convidados a receber o Pão Divino. Assim como o dono oferece o alimento para o boi e o jumento na manjedoura e por eles é reconhecido; Cristo, o verdadeiro alimento da Vida Eterna, está ali na manjedoura, para alimentar aqueles que o reconhecem como Senhor! Precisamos ver além dos objetos físicos e contemplar o sentido espiritual do cenário do estábulo onde estavam Jesus, Maria e José”, aponta o estudo.
De acordo com o professor Vitor Rosa, o Menino Jesus foi envolvido em faixas e esse gesto da Virgem Maria é uma referência antecipada `a morte do Cristo.
“O Salvador do mundo recém-nascido foi envolvido em faixas por sua Mãe para ser reclinado na manjedoura. O corpo de Cristo descido da Cruz foi envolvido em um lençol para ser depositado no sepulcro. Desde o início, Ele é o Cordeiro Imolado na Cruz e a manjedoura representa uma espécie de altar”, explica.
Conheça o significado de 15 símbolos do Natal
Outro estudo, feito pela professora licenciada em Letras, Márcia Fernandes, do portal Toda Matéria, explica a simbologia por trás dos 15 símbolos mais significativos da festa natalina.
1 – A Estrela
Segundo Márcia, a estrela de Natal foi o guia que indicou aos três reis magos a respeito do local onde Jesus estava, pois queriam adorá-lo (na Bíblia, o relato se encontra no Evangelho de Mateus). Seguindo a estrela, os magos encontraram o Menino, que tinha nascido em Belém. Por esse motivo, é também conhecida como “Estrela de Belém”.
“Além de ter sinalizado o caminho que levava a Jesus, a estrela representa o próprio Jesus, que nasceu para guiar a humanidade. Até hoje a ciência tenta explicar a sua origem como um fenômeno astronômico”, dizia a pesquisa.
A estrela é um símbolo de suma importância nas decorações e, geralmente, é colocada no topo da árvore de Natal.
2 – Os Sinos
O barulho do sinos, em alguns segmentos religiosos, é utilizado para chamar a atenção dos fiéis. O significado do sino de Natal não é diferente. De acordo com a professora, o símbolo representa o anúncio do nascimento do Menino Jesus.
“Isso porque, além de sinalizar as horas, o toque dos sinos avisa as pessoas para se reunir para um acontecimento. Usados na decoração das árvores e das portas, os sinos também são lembrados nas músicas natalinas. A mais conhecida é “Bate o sino”. Quem nunca cantou um pedacinho: ‘Bate o sino pequenino, sino de Belém. Já nasceu Deus menino para o nosso bem'”, apontou ela.
3 – As velas
Antigamente, muitas famílias que moravam em cidades no interior, utilizavam velas para iluminar a casa. Nas pesquisas feitas por Márcia, na Alemanha, havia um homem que costumava colocar o objeto em sua janela para iluminar o caminho dos viajantes que se perdiam.
“É como se as velas natalinas assumissem o papel de representar a luz que o nascimento de Jesus traz para à vida das pessoas, porque ele veio para dissipar as trevas e a escuridão do mundo”.
Assim, velas acesas na noite de Natal revelam a presença de Cristo naquele ambiente, além de representarem a fé.
4 – Presépio
Em 1223, o primeiro presépio foi montado na Itália, por São Francisco de Assis como forma de mostrar aos fiéis como o Menino Jesus teria nascido. A montagem era algo, inicialmente, feito apenas pelas igrejas. Agora, passou a ser uma tradição de algumas famílias.
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Segundo Márcia, o presépio representa o cenário em que Jesus nasceu e é desmontado em 6 de janeiro (data do Natal comemorada no Oriente), dia em que os reis localizaram o Menino.
5 – Os Anjos
Na hora de montar a árvore de Natal, anjos são colocados como decoração. Para alguns, pode ser visto como um símbolo de proteção. De acordo com Márcia, os anjos representam a figura de Gabriel, aquele que anunciou à Maria mãe de Jesus que ela daria à luz ao Salvador.
Assim como Gabriel, os anjos, que exercem o papel de mensageiros de Deus, anunciam ao povo o nascimento de Jesus.
“Não é para menos que o anjo é um dos maiores portadores da alegria dessa época natalina. Ele marca presença não só de forma isolada, mas também é uma das principais figuras do presépio”, explica a pesquisa.
6 – As bolas
Toda boa árvore produz bons frutos. As bolas de Natal usadas como decoração nas árvores, representam exatamente isso: os frutos. Segundo Márcia, as frutas serviam de decoração e eram comidas pelas crianças.
Entretanto, de acordo com uma lenda antiga, quando não houve frutas em um ano, um artesão fez bolas de vidro para as imitar. E, por isso, as bolas natalinas são símbolo de enfeite e ornamentação na hora de confeccionar a árvore.
7 – A Árvore
Não se pode falar de Natal sem mencionar a árvore onde são colocados os presentes. Alguns registros históricos apontam que a primeira árvore natalina surgiu no Norte da Europa no século XVI, aproximadamente, em 1510.
De acordo com Márcia, no cristianismo, a montagem da árvore só se tornou uma tradição a partir do século XVII, com Martinho Lutero, na Alemanha. Depois disso, por volta do século XIX, que esse símbolo se espalhou pelo mundo.
A professora explica ainda que, antes do Natal ser considerado uma festa cristã, algumas pessoas já tinham o costume de enfeitar as árvores com o propósito de comemorar a chegada do inverno.
“A árvore é, por tradição, um pinheiro. Isso porque o pinheiro é a única árvore que consegue manter suas folhas mesmo no frio intenso. Assim, simboliza vida e esperança”, aponta o estudo da professora.
De acordo com o professor e teólogo Vitor Rosa, a árvore remete a vários significados importantes e que vale ser destacado.
“A narrativa sobre a criação do mundo traz a imagem da árvore da vida no meio do Jardim do Éden, uma alusão figurativa da Cruz de Cristo, a verdadeira Árvore da Vida. Neste sentido, a árvore de Natal remete também à Cruz de Cristo, pois sempre a tradição cristã associa o Mistério do Nascimento de Cristo ao Mistério de sua Paixão, Morte e Ressurreição”, explicou ele.
Ainda segundo o teólogo, as cores que representam o Natal, sendo vermelho e verde, também carregam uma simbologia relacionada ao sangue derramado pelo sacrífico de Cristo e a esperança como resultado dessa entrega.
“As cores ‘vermelho’ e ‘verde’: na liturgia, a cor vermelha simboliza o Espírito Santo e o Sangue de Cristo e dos mártires (isto é, daqueles que morreram por defenderem a fé em Cristo). O vermelho, nesse sentido, evidencia o Amor de Deus pela Humanidade a ponto de enviar o Filho Único do Pai para a redenção da Humanidade, selando a Nova Aliança com o Sangue de Cristo na Cruz. O verde traduz a esperança. Desse modo, temos a fusão da esperança que brota da entrega total de Cristo à vontade do Pai, desde a sua Encarnação e seu Nascimento (Natal do Senhor)”, esclareceu ele.
8 – Papai Noel
Já se perguntou qual a relação entre a figura do Papai Noel e o nascimento de Jesus?
A figura do “bom velhinho”, na verdade, não está na aparência, mas nas obras e gestos de bondade de um bispo de origem turca, conhecido como São Nicolau.
Em resumo, ele foi considerado como um santo. Reza a lenda que ele lançava moedas de ouro pelas chaminés das casas dos mais necessitados na Turquia, tendo sido reconhecido pela igreja como santo. Daí a ideia de que o Papai Noel é o responsável por presentear as famílias.
De acordo com Márcia, a imagem moderna do Papai Noel teria surgido nos Estados Unidos ganhando a aparência de um velhinho gordinho com barba comprida e roupa vermelha. E, claro, andando com o trenó e suas renas.
9 – Presentes de Natal
E quando o Natal está chegando, cria-se a expectativa de qual será o presente da vez. Algumas crianças, inclusive, acreditam que devem fazer cartas ao Papai Noel com seus pedidos que devem chegar pela chaminé caso tenham tido um bom comportamento ao longo do ano.
A pergunta é: de onde surgiu o costume de trocar presentes no Natal? A relação está diretamente ligada à história dos três Reis Magos que levaram os presentes como ouro, incenso e mirra para o Menino Jesus.
O significado do ouro como presente simboliza a realeza. O incenso está relacionado a divindade e a mirra, representa os aspectos humanos de Jesus. A ideia de trocar presentes também tem relação com a ação do bispo turco que deu origem ao personagem do Papai Noel.
Considerando também o significado teológico, o professor Vitor Rosa explica que a simbologia dos presentes está vinculada com o fato o próprio Jesus ser um presente dado por Deus à humanidade.
“No Natal, a humanidade recebe o grande presente de Deus: o próprio Jesus Cristo. Ele é o verdadeiro grande presente divino. No contexto de seu nascimento, há o relato bíblico da visita dos chamados magos do Oriente que oferecem os presentes ao Menino. Trata-se de uma referência à realeza (ouro), à divindade (incenso) e à entrega total na Cruz (mirra) de Cristo. O Céu presenteia a humanidade com o Jesus Cristo. Os presentes compartilhados devem ser expressão do amor que une as pessoas, impulsionadas pelo amor testemunhado por Cristo”, pontuou.
10 – Guirlanda
Você já deve ter visto, principalmente nas postas das casas, um enfeite em formato de coroa de folhas ou flores pendurado. São chamados “guirlandas”, palavra de origem espanhola.
De origem romana, as guirlandas são um sinal de boas-vindas. E, por isso, se tornou uma tradição pendurá-las na porta principal das residências. Inicialmente, um símbolo pagão, a guirlanda passou a ser utilizada pela igreja com a adaptação de velas, de onde surgiu a coroa do Advento.
11 – Coroa do Advento
A coroa do Advento é considerada uma espécie de guirlanda, onde se coloca quatro velas, uma para cada semana antes do Natal. De acordo com a professora Márcia Fernandes, para os cristãos a coroa do Advento é um anúncio do Natal.
“O seu formato simboliza eternidade e as suas folhas verdes, a esperança. Nas igrejas, cada vela da coroa tem uma cor diferente e são acesas na seguinte ordem: verde, vermelha, roxa e branca”, explica o estudo da professora.
Ainda segundo a professora, a origem da guirlanda teve início no ano 1839 e foi usada como uma forma de contagem para as crianças que ansiavam a chegada do Natal.
12 – Cartão de Natal
A simbologia dos cartões de Natal surgem como forma de familiares, amigos e parentes enviarem mensagem de agradecimento e alegria uns aos outros.
Nos estudos desenvolvidos pela professora Márcia, foi constatado que o primeiro cartão de Natal foi feito pelo pintor inglês John Callcott Horsley a pedido de Sir Henry Cole, um funcionário público da Inglaterra que, na época, estava muito ocupado para escrever cartas com desejos de boas festas.
13 – Ceia
Outro símbolo que não passa despercebido no Natal é a famosa ceia, momento em que as famílias se reúnem para confraternizarem juntos e, claro que a comida não pode faltar.
O costume de reunir os amigos e familiares à volta da mesa para comemorar o nascimento de Jesus começou na Europa.
De acordo com a professora, as pessoas abriam as portas das suas casas para receber viajantes e oferecer a eles uma refeição na véspera de Natal.
14 – Peru
A tradição do peru como um dos pratos mais requisitados na ceia de Natal tem origem nos Estados Unidos, país em que a ave é um prato típico do Dia de Ação de Graças. Cerca de 50 milhões de perus são consumidos nessa data.
“O Dia de Ação de Graças, muito comemorado nos Estados Unidos, surgiu em 1621 para comemorar e, principalmente, agradecer a fartura das colheitas. Desde o início, o peru era servido nessa festa”, explica Márcia.
15 – Panetone
Ainda sobre os alimentos que representam muito bem o Natal, está o clássico Panetone. O nome é de origem italiana e possui uma história um tanto engraçada.
De acordo com a professora licenciada em Letras, reza a lenda que um homem chamado Toni era funcionário de uma padaria. Na época do Natal, ele estava muito cansado do trabalho decorrente das encomendas.
“Por estar exausto, o homem teria se enganado na hora fazer um pão para a ceia da família do seu patrão na véspera do Natal. O engano correu tão bem que o patrão chamou o pão de ‘pani de Toni'”, explicou ela.
O Folha Vitória deseja a todos um ótimo Natal e próspero Ano Novo.
Boas Festas!