A defesa da família da cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, não está convencida de que o tiro que matou a adolescente foi acidental, disparado pelo cunhado dela, uma criança de 9 anos, em julho deste ano, na Bahia. A advogada Janaína Panhossi acredita que o crime foi um feminicídio.
Em nota enviada à reportagem do Folha Vitória, a criminalista se diz decepcionada com a conclusão das investigações. Apesar disso, ela acrescenta que está ciente de que a condução de um inquérito policial compete somente à polícia judiciária.
“Venho acompanhando o caso, desde a ocorrência deste triste fato, e até o presente momento, atuando, assim, em todas as fases da investigação. Diante disso, afirmamos, com respaldo técnico, que todos os elementos que fundamentam a alegação da família, no sentido de que Hyara foi vítima de feminicídio, foram fornecidos à autoridade”, disse Janaína Panhossi.
Ela pontua ainda que recebeu a notícia da conclusão do inquérito com “profunda decepção”:
“Recebemos com serenidade, porém, com profunda decepção a conclusão das investigações, mas estamos cientes de que a condução de um inquérito policial compete somente à polícia judiciária, mas a classificação dos delitos em apuração serão submetidos às superiores considerações do Ministério Público. Dessa forma, aguardamos posicionamento do representante do parquet”, comentou.
O inquérito que apura a morte da adolescente de 14 anos foi concluído pela Polícia Civil da Bahia e aponta que o atirador não foi o marido dela, um garoto também de 14 anos, mas sim o cunhado da vítima, de 9 anos. O adolescente foi apreendido e está numa unidade socioeducativa em Vila Velha.
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Em entrevista ao Folha Vitória, o advogado de defesa do marido de Hyara Flor, Homero Mafra, descreveu que a criança, pela idade, não pode ser julgada e permanecerá com a família.
Segundo o Código Penal Brasileiro, pessoas com menos de 18 anos são inimputáveis. Ou seja, o jovem é incapaz de compreender a gravidade de um delito. Dessa forma, crimes cometidos por menor de idade são julgados de forma diferente aos de adultos.
Ainda conforme o advogado, houve um reconhecimento por parte das autoridades do que era retratado pela família. “Eles falavam que o disparo havia sido feito de maneira acidental pelo irmão de 9 anos”.
O advogado também destacou que não se pode divulgar como foi registrado o crime. Nesta segunda-feira (14) será postulado o pedido de liberação do adolescente apreendido.
Duas pessoas foram indiciadas
A investigação conduzida pela Delegacia Territorial de Guaratinga, com o apoio da 23ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Eunápolis), indiciou duas pessoas.
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A sogra de Hyara Flor, mãe do menino de 9 anos, foi indiciada por homicídio culposo e porte ilegal de arma de fogo, considerando que a pistola utilizada no crime pertencia a ela.
Já o tio da vítima foi indiciado por disparo de arma de fogo, referente a tiros deflagrados contra a residência do casal de adolescentes.
O adolescente, marido da vítima, foi ouvido por meio de videoconferência pela juíza da Comarca de Guaratinga. A permanência dele na internação socioeducativa ainda não foi definida e ficará a cargo do Ministério Público e do Poder Judiciário.
Caso ganhou repercussão após relatos de traição
A cigana Hyara Flor Santos Alves, de 14 anos, morreu após ser baleado em 6 de julho. O caso aconteceu em Guarantinga, cidade a cerca de 700 km de Salvador, na Bahia.
A morte ganhou repercussão nacional após a revelação de um relacionamento extraconjugal envolvendo o tio da jovem e a sogra. Inicialmente, a polícia suspeitou que o relacionamento poderia ter relação com a morte da cigana.
Em entrevista ao Balanço Geral, da Record TV, o tio paterno da cigana confirmou que manteve um relacionamento com a mãe do adolescente por seis anos.