Cidade do ES registra primeiro assassinato de uma mulher em 7 anos
Último crime de feminicídio em Marechal Floriano, na Região Serrana, segundo a Polícia Civil, foi cometido em 2015
O assassinato a facadas de uma mulher de 44 anos pelo ex-marido, na noite da última quarta-feira (19), colocou Marechal Floriano de volta a uma triste estatística. Segundo a Polícia Civil, a cidade com 17.141 habitantes, não registrava feminicídio há sete anos. O último ocorreu em 2015.
Dados divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) apontavam que, em 2021, o crime de feminicídio aumentou no Espírito Santo. Foram 38 casos durante o ano, o que representa um salto de 46,2% em relação a 2020, quando foram registrados 26 crimes.
A maior parte das regiões (três, de cinco) apresentou aumento no número de crimes. A região Serrana, da qual Marechal Floriano faz parte, que já esteve no topo do ranking, havia conseguiu reduzir em 20% o número de assassinatos de mulheres, caindo de 5 para 4 casos. Os dados estatísticos de 2021 foram comentados pela jornalista Fabi Tostes, da coluna De Olho no Poder.
A vítima de Marechal Floreano foi casada com o suspeito durante 25 anos e tinha quatro filhos com ele. Os dois estavam separados há 2 anos.
A mulher foi ferida no abdômen e no braço e morreu a caminho do Hospital de Urgência e Emergência.
Segundo a polícia, a adolescente de 17 anos disse que o homem estava enviando várias mensagens, questionando o que teria acontecido com a mãe dela.
A menina afirmou que o celular do pai só funcionava com a rede wi-fi da casa dele. Por isso, ela sabia que o homem estava escondido na residência.
Diante da informação, os policiais voltaram ao local e o encontraram escondido no forro da casa. Segundo eles, o homem estava bastante agressivo, afirmando que mataria quem entrasse na residência.
Os militares precisaram arrombar a porta e usaram bala de borracha para conter o suspeito. O homem de 49 anos foi preso em flagrante e autuado pelo crime de feminicídio. Durante o depoimento, ele ficou em silêncio. O suspeito está preso no Centro de Triagem de Viana.
Sobrinha diz que agressões motivaram separação do casal
Por telefone, a sobrinha da mulher assassinada contou à equipe de reportagem da TV Vitória/Record TV, que o homem sempre foi violento e a tia dela já tinha sido agredida várias vezes.
Por conta das constantes agressões, há dois anos a mulher decidiu pedir o divórcio e, para evitar problemas, deixou a casa onde morava com o ex.
A sobrinha contou ainda que a mulher passou a viver em outro endereço e tentou seguir a vida, mas o homem nunca aceitou o término do relacionamento.
Ainda não se sabe o motivo da vítima ter ido até à casa do ex-marido, mas a polícia informou que apura todas as circunstâncias para resolver o caso.
O homem possui vários registros da Justiça. Algumas denúncias, inclusive, foram feitas pela mulher, que chegou a pedir medida protetiva.
O corpo dela foi levado para o Serviço Médico Legal de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Estado. Segundo a Polícia Civil, a Delegacia de Marechal Floriano já iniciou diligências para apurar as circunstâncias e motivação do crime.
Orientações para vítimas
A Polícia Civil orienta que a mulher que for vítima dos crimes resultantes de violência doméstica e familiar procure a Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) do município em que ocorreu o fato ou a delegacia comum do município, onde não haja Deam, para registrar o boletim de ocorrência, solicitar medidas protetivas de urgência, e para que os autores dos fatos sejam devidamente investigados e responsabilizados por seus atos.
Além disso, se o agressor estiver em estado flagrancial, cometendo o crime naquele momento, a Polícia Militar deve ser acionada por meio do 190. Atualmente, com a Lei Maria da Penha, ele poderá ser preso e autuado em flagrante.
Denúncias sobre casos de violência doméstica e familiar também podem ser feitas por meios do Disque-Denúncia 181.
Outra forma de realizar o registro de boletim de ocorrência é on-line.
POR QUE NÃO INFORMAMOS OS NOMES?
Os nomes da vítima e do suspeito - ex-marido da vítima - não foram divulgados pelo Folha Vitória para preservar a identidade da filha do casal, uma adolescente de 17 anos, em cumprimento ao que é determinado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
* Com informações da repórter da TV Vitória/Record TV, Suellen Araújo.