Polícia

Traficantes ordenaram que moradores retirassem câmeras das ruas na Serra

A ordem foi dada pelo traficante Rodrigo Caçador e a justificativa, de acordo com a polícia, era a de que os próprios criminosos faziam a segurança de Divinópolis

Foto: Divulgação/Sesp

Delegados Ricardo Almeida, José Lopes e Raffaella Aguiar durante coletiva de imprensa

Um dia antes da morte da jovem Carolayne Nascimento Barcelos, de 25 anos, no bairro Divinópolis, o líder do tráfico de drogas local havia mandado aos moradores e comerciantes se desfizessem de câmeras de segurança que registrassem imagens das ruas. 

A ordem foi dada pelo traficante Rodrigo de Medeiros Borges, vulgo Rodrigo Caçador e a justificativa, de acordo com a chefe da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar, era a de que os próprios traficantes realizavam a segurança do bairro. 

“O bairro Divinópolis tinha um tráfico de drogas muito forte e deixava toda a população subjugada a vontade do tráfico. Naquele dia, ela foi morta de sexta para sábado. Na sexta, o tráfico de drogas lançou um comunicado informando que era para todos os moradores e donos de comércio tirassem todas as câmeras que tivessem o foco voltado para a rua com o argumento de que eles realizavam a segurança dos moradores. Ninguém tinha que deixar as câmeras para facilitar o trabalho das forças de segurança”, explicou a delegada, em coletiva de imprensa. 

Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

Carolayne tinha 25 anos

Um morador se recusou a retirar as câmeras, com isso, traficantes invadiram a casa do homem e o expulsaram do bairro. Por volta de 17h do dia do crime, houve uma troca de tiros na região. 

>> Quer receber nossas notícias 100% gratuitas? Participe da nossa comunidade no WhatsApp ou entre no nosso canal do Telegram! 

De acordo com a investigação, Rodrigo Caçador ordenou que traficantes do bairro desentocassem armas do crime organizado, que estavam escondidas em uma mata. 

A intenção do traficante era realizar uma abordagem a todos os veículos que entrassem no bairro, de acordo com a delegada. 

LEIA TAMBÉM: Caso Carolayne: chefe do tráfico foi mandante do assassinato de jovem na Serra

Segundo o que aponta a investigação, esta iniciativa de abordagem foi o que causou a morte de Carolayne. A jovem foi ao bairro após um churrasco para levar um funcionário para casa, quando foi abordada por traficantes armados. 

Os homens teriam interceptado o carro onde a jovem estava e ordenado para que baixasse os vidros das janelas, momento em que ela se assustou e deu ré no veículo, que foi alvejado por diversos disparos

“Isso desencadeou a morte da Carolayne, a partir do momento que ela saiu do churrasco, foi deixar o funcionário, foi abordada por 8 traficantes, que a gente conseguiu identificar, deram ordem para abaixar o vidro. Você vai ter um instinto de reação, ela engatou a ré, efetuaram o disparos”, informou a delegada. 

O crime aconteceu no dia 28 de outubro de 2023, quando a jovem passava por uma esquina, próximo à casa do pai dela. Após os disparos, Carolayne perdeu o controle do carro e se chocou contra o portão da casa da família.

Ela chegou a ser socorrida por familiares e levada a uma unidade de pronto atendimento, mas não resistiu aos ferimentos. O rapaz que também estava no carro não se feriu. 

Cinco suspeitos já foram presos

Foto: Montagem Folha Vitória

Durante as investigações, a Polícia Civil identificou que nove homens tinham envolvimento com o crime. Atualmente, cinco deles estão presos e outros quatro estão foragidos.

Criminosos que já foram presos:

-Janderson de Almeida, vulgo Jandin ou Jacaré;
-Felipe Santos Filho, vulgo FP;
-Kaynan Dias Rodrigues Deniculi, vulgo Salada;
-Lucas Pereira de Oliveira, vulgo Axilgo Indiao ou Gordinho;
-Marcos Vinicius Barbosa.

Os criminosos procurados pela polícia são:

 -Jhon Cleiton Alves da Cruz, vulgo Jhon ou Jota;
-Marlon Borges de Aquino, vulgo Marlin ou Pateta;
-Rodrigo de Medeiros Borges, vulgo Rodrigo Caçador;
-Gilberto Freitas de Souza, vulgo Louva-Deus

O delegado-geral da Polícia Civil (PCES) em exercício, José Lopes, destacou que, nesse momento, é necessária a ajuda da população para denunciar, por meio do Disque-Denúncia 181, caso tenha alguma informação dos criminosos que estão foragidos.

“A gente precisa da ajuda da população, através do 181. Esse crime não vai ficar impune, é um tipo de crime que incomoda muito a gente”, disse.

Através do número, a população pode denunciar qualquer tipo de irregularidade, ilegalidade ou repassar informações que auxilie as polícias na elucidação de crimes.